O Caminho da Roça
Muitas vezes, parentes e amigos já me perguntaram como se consegue montar uma árvore genealógica da família, como se encontra o “antepassado italiano”, como se “faz a cidadania”... E eu costumo responder, brincando: “Vai perguntar prá tua avó!!”.
Mas, é nessa brincadeira que se esconde a mais pura verdade:
são os pais, os tios e os avós a fonte primária de toda informação sobre as
raízes de cada um de nós.
Voltando às interrogações iniciais, eu não tenho respostas
exatas. Entretanto, o que posso contar aqui no Cavocando Raízes, é como eu
iniciei a “minha” caminhada nesses assuntos. Quem tiver paciência e
curiosidade, aí está...
Anos 80. Tarde fria de um mês de julho em Porto Alegre. Nas
“férias de inverno”, sempre passávamos uns dias na casa da vó Maria (Favero
Caldieraro), na Rua Coronel Feijó, zona norte da capital. Nada de interessante
a ver na TV, resolvi ir até a cozinha. Ali, meu pai (Valdemir Luiz Caldieraro,
o Miro), a tia Lucila (Caldieraro) e a vó Maria conversavam sobre “o pessoal do
Prata/Bassano”, em volta do fogão à lenha, sobre o qual estava um bule com café
recém passado, ao lado da chaleira com água para chimarrão. Contrariado por
“toda a vida” ficar ouvindo “estórias e histórias” sobre pessoas que eu não
tinha menor de quem fossem (Secondianos, Antonietas, Pinas, Seganfredos,
Boitos, Zanetes, Joanas, etc.), resolvi pegar umas folhas de papel almaço e um
lápis (ou caneta?), servi uma xicrinha de café preto, e me sentei junto a eles.
- Pai... Mas, afinal, como se chamavam os irmãos da vó
Maria?
Ah... Mas, foi como abrir o vertedouro de uma barragem...
Ele e a tia Lucila começaram a despejar nomes de gringos, quase como num
jogral... E eu, desesperado, não consegui anotar nada no primeiro momento...
- Para, para, para!! Assim não dá; não consigo escrever tão
rápido. Além disso, quero botar em ordem. Quem era o mais velho, ou a mais
velha, dos irmãos? E outra coisa; quero anotar ao lado de cada um, os nomes das
mulheres e dos maridos; e em baixo, os filhos de cada casal. Então vamos
começar de novo, bem devagar, para eu poder anotar...
E aí sim. Naquele momento, meio que sem querer ou sem saber,
comecei a construir a árvore genealógica das minhas famílias. Pai, tia e vó,
após várias interrupções para “equalizarem informações” (“não, não, fulano era
mais velho que sicrano”; “... por favor... tá caduca? o marido de beltrana se
chamava...”; “... porca madónega, claro que o nome dela era tal”, e assim por
diante), naquela tarde, me presentearam com um belo “álbum de figurinhas”. Um
álbum interminável, com algumas dezenas de figurinhas, mas com centenas de lacunas...
Com o passar dos anos, descobri que algumas daquelas figurinhas
foram coladas em lugares errados, que faltavam pedaços ou que estavam borradas
ou amassadas. Foram, então, substituídas e recolocadas no álbum. Mas, enfim,
para quem sempre gostou de fazer coleções (selos postais, moedas, figurinhas,
chaveiros, adesivos, etc.), ali começava a “coleção definitiva”. Na verdade,
várias coleções, pois somos feitos de várias famílias. Coleções de nomes, de
relações, de histórias, de vidas. Um álbum, composto por de vários volumes, que
um dia será abandonado por esta figurinha (e espero, retomado por outra
figurinha), mas que jamais será finalizado.
Por isso, volto a repetir o grande segredo: “Vai perguntar
prá tua avó!!”.
isto ai....eu perdi muita informação por não 'PERGUNTAR PARA MINHA AVÓ'mas comecei a perguntar mais tarde,qdo fiquei ao receber da ITALIA certidão d enascimento de meu avõ PELLEGRINO sEGNAFREDO. eu tb, como contou alessandro ouvia as histórias, nomes, como se fossem contos, mas qdo recebi a certidão da ITÁLIA foi paixão..... não parei mais de pesquisar.
ResponderExcluirÉ Ana... Quando se é novo, normalmente não se dá importância para essas coisas. Mas, depois que o vírus da genealogia entra no sangue, vira uma cachaça. Um vício bom, penso eu. Abraço!
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