segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

NOTIZIE DELLA FAMIGLIA - 003

Ester x Ester


Após mais de um ano sem escrever nada por aqui, pretendo retomar os “posts”. Sei que apenas uma meia-dúzia ou uma dezena de prim@s lê estas bobagens, pois deixam comentários e também conversamos por outros canais. Outras centenas de parentes não leem e, pior, não se dignam a oferecer ajuda para construir ”nossas árvores”... Se estou desanimado? Claro que sim. De qualquer maneira, não escrevo para estas centenas, mas para os “top ten”... rsrsrs Feito o desabafo, vamos à história de hoje.

Nas conversas relatadas no post “Como tudo começa?” (de 19/11/16), um dos nomes que surgiu foi o da “Tia Ester”, uma das irmãs do meu avô paterno Aloísio (Luiz) Caldieraro. Em 2007, quando tive oportunidade de pesquisar diretamente no “livro de família” de Montegaldella/VI (ver post “Dia de São Martinho”, de 11/11/16), pude confirmar a existência da pequena Ester. Estava lá, nas folhas da “Via Cittadello n. 167 e 168”: Ester, filha de Giovanni Caldieraro e de Maria-Giovanna Milan, nascida em Montegaldella, em 11 de maio de 1884. E, ainda, na última coluna de anotações, a observação: “Partida da família inteira para a América – Rio de Janeiro – em 12 de dezembro de 1884”. Portanto, Ester ainda não completara um ano de idade, ao embarcar para o Brasil; já seus irmãos, Domenica e Beniamino, estavam com 3 e 2 anos de idade, respectivamente.




Em junho de 2013, na minha visita à Nova Prata/Veranópolis (ver post “Notizie dela famiglia – 001”, de 08/12/16), Duda Caldieraro e eu encontramos, no Registro Civil de Nova Prata, o ato de casamento de Umberto Toscan (27 anos), nascido na Itália, com Ester Caldieraro (22 anos), nascida no Rio Grande do Sul (!?), realizado em 14 de setembro de 1912.

Quando retornei à Torres, e comecei a analisar os documentos, veio aquela sensação de “putz... esse pessoal antigo gostava de informar locais e datas incorretamente...” Mas, óbvio, continuei as buscas.

Alguns dias depois, o primo Ari, pesquisando no livro “Etnias de Alfredo Chaves”(1), que nada mais é que o “códice SA-70”, encontra na folha 12, registros 204 a 209, informações sobre a “família de Giovanni Caldieraro”. Lá está (literalmente):
204 Giovanni Calderaro, m, 31(a), cat., it., Vicenza, 1885
205 Maria Meleno, f, 29(a), cat., it., Vicenza, 1885
206 Domenica Calderaro, f, 11(a), cat., it., Vicenza, 1885
207 Luigi Calderaro, m, 4(a), cat., bras., RS
208 Ester Calderaro, f, 2(a), cat., bras., RS
209 Giovanna Calderaro, f, 11d, cat., bras., RS

Em fevereiro de 2016, numa pesquisa relâmpago ao site do Arquivo Nacional(2), meu primo Ari Uriartt e eu encontramos a “Lista dos emigrantes existentes a bordo do vapor Coventina, em 17 de janeiro de 1885”. Na folha 2-verso, registros 103 a 107, apareciam os nomes de Giovanni Caldieraro (30 anos), Maria, Domenica (3), Beniamino (2) e Ester (1), confirmando, portanto, os registros de Montegaldella/VI...


E agora? As datas estão quase todas incorretas? A ordem de nascimento dos filhos de Giovanni e Maria está errada? Difícil isso acontecer... Nomes e datas (idades) são comuns apresentarem erros, mas na ”ordem de nascimento dos filhos”, não... Olhando todas aquelas informações inconsistentes, de “cabeça quente”, dá vontade de jogar tudo numa gaveta, e ligar a televisão... Mas, não é assim que funciona. É hora de parar, respirar, pensar...

Lembrei-me de um costume (um tanto macabro para os dias de hoje) que nossos antepassados italianos do século XIX tinham, e então as coisas clarearam. Naquela época (século XIX, e antes), o índice de mortalidade neonatal era muito, muito alto. Também havia a tradição de repetir os nomes dos avós nos filhos: o primogênito teria o nome do avô paterno, a primogênita teria o nome da avó paterna, o 2º filho teria o nome do avô materno, e assim por diante... Juntando “b” e “a”... Os pais batizavam a criança com o nome de um(a) avô/ó... Se a criança “vingasse”, nos seguintes filhos iam colocando os nomes de outros avós... Porém, se precocemente o “anjinho voava aos céus” (termos assim eram usados nos registros de óbitos de recém-nascidos, ou de crianças de tenra idade), os pais batizavam a “próxima criança” com o mesmo nome d@ maninh@ falecid@.

E aqui está a parte triste da historieta de hoje... Observamos que Domenica, Beniamino e Ester (italianos) aparecem na lista de passageiros do Coventina. Entretanto, no códice SA-70, não aparecem mais o Beniamino nem a “Ester italiana”. E aqui o lado feliz... A Ester, mencionada no códice, é mesmo gauchinha, nascida cerca de 2 anos após meu avô Aloísio (que aparece como Luigi), e que, com 22 anos casou-se com Umberto Toscan.

Ester CALDIERARO e Umberto TOSCAN tiveram, pelo menos 5 filhos: Pierina (casada com um Luiz Felix BIAVATI), Leone, Tilde (casada com um SCHUSTER), Palma (casada com um BERNARDI) e Valério (casado com Amábile GAMBIM).

Agora, leitores e não leitores, é hora de “colocar na árvore” os descendentes do casal Umberto e Ester... Certo?

Notas:
1.  Arquivo Nacional – Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN) – Fundos e coleções do Arquivo Nacional.
2.  Etnias de Alfredo Chaves – 1871 a 1891 / Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. – Porto Alegre: EST, 2000, 328 p.

2 comentários:

  1. Muito bem.gostei de ler.como sabes tb pesquiso e depois de todo este tempo descobri que por parte do meu avô Pellegrino Seganfredo tinha uma tia avó chamada Maria que ninguém nunca falou dela e que se casou em Nova BAssano com Francesco BALZAN.Se conheceres os Balzan gostaria de encontrar algum descendente desta família. Quanto aos supostos erros de grafia, anos de nascimento também constatei nas famílias Seganfredo diversas Marias, diversos Francesco...depois na lista de chegada nos livros de bordo deu para identificar a q teria sobrevivido.triste pensar nas bisavós q perderam tantos filhos. De fato e uma saga a vida dos nossos antepassados.Ah meus avós vieram depois dos teus.1891 e 1897.

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    1. Pois é, Ana... Essa mania de "repetir nomes", após 100-130 anos, gera mesmo um certo trabalho... Muitas vezes, a única saída é descobrir os nomes dos "colaterais" (irmãos), pois aí as possibilidades de "coincidências" começam a diminuir.
      Se quer minha ajuda para desenrolar esse enredo da Maria Seganfredo com o Francesco Balzan, me mande mais algumas informações (datas, irmãos, etc.).

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